MetaEcosSistemas Imagéticos em Arte e Tecnologia
Nesta pesquisa de doutorado, proponho uma investigação teórica e poética sobre a construção de MetaEcosSistemas em Arte e Tecnologia, experiênciando mediações poéticas entre imagens, ambientes e redes generativas.
Aqui, o conceito integrativo meta-ecossistema (Michel Loreau et al., 2003) convém para deliberar a interdependente de ecossistemas compostos por múltiplos sistemas tecnológicos e artísticos, que compartilham informações e energias, em escalas locais e globais.
Em MetaEcosSistemas, o prefixo “meta” aponta o olhar para o futuro, com a desígnio de transcendencia e intuito de observar a situação por uma perspectiva ampla e multifocal. Combinado ao termo ecossistema, que em ecologia é entendido como conjuntura comum entre organismos de multiplas espécies, de um habitat com seus fatores ambientais.
Entendemos as tecnologias no contexto da ecologia das mídias, como objeto de mediação entre sujeito e meio (Marshall McLuhan, 1964; Neil Postman, 1968), como extensões dos sentidos humanos e instrumento de transformação dos ambientes e de nossas percepções espaço-temporais, como um tipo de imagem que associa indivíduo e meio (Gilbert Simondon, 2013).
Tais teorias fundamentam a concepção de MetaEcosSistemas que envolvem o entrecruzamento de diversos campos do conhecimento, com noções expandidas além das ciências biológicas ou de políticas ambientais sustentáveis, aplicando-se às ciências humanas, aos processos comunicacionais, tecnológicos, informacionais, urbanísticos, comerciais, dentre outros.
Voltando-se para a produção de narrativas audiovisuais, individuais e coletivas, que exercitam o entrecruzamento de diversas linguagens (poéticas), como: videoarte, música visual para fulldome e video mapping, performances ao vivo, ambientes em realidade virtual e aumentada, territórios e redes em plataformas online.
Estas poéticas empregam metodologias generativas na concepção de múltiplas alternativas (Claudia Giannetti, 2006) que visam a ampliação e a multiplicidade dos sistemas, apontando à remediação (Bolter e Grusin, 1999) das tecnologias.
Deste modo, cria-se imagens efêmeras, tencionando hibridizações entre as dimensões físicas e digitais, em camadas espaço-temporais cíbridas (Peter Anders, 1997). Atualizáveis por conexões, fluxos informacionais e comunicações transorgânicas (Di Felice, 2009). Visando a constante atualização dos conteúdos imagéticos, dos formatos expositivos (Youngblood, 1999) e das estruturas arquitetônicas, interconectando entidades, tecnologias e meios ambientes.
Nutrindo-se de imediações (Erin Manning, 2012) coletivas e co-mediações afetivas, gera-se micro-políticas constitutivas, para abrir fissuras nos ecossistemas. Portanto, as mediações poéticas de um metaecossistema se dão na participação, organização e gestão de redes colaborativas de Arte-Tecnologia, seja atuando em expografias, curadorias ou como artista.
Deste modo, este olhar metaecossistêmico, quer potencializar interações, acoplamentos e imediações ecológicas, gerando imagens emergentes, metaambientes eventuais e redes generativas.
O primeiro exemplar de metaecosistema apresentado aqui nesta pesquisa é este próprio texto, principal conjuntura metaestavel desta investigação, desenvolvido em muitas instancias para gerir as energias desta investigação, na estruturação desta pesquisa teórica, na divisão dos capítulos e no desenvolvimento da escrita deste trabalho. Nesta ocasião, o treinamento da metalinguagem inscrito neste projeto de tese, está exemplificado em diversas escalas e formatos, como na produção técnica e poética de imagens, de metaambientes e redes colaborativas de arte e tecnologia.
Problematiza-se assim, como mediações poéticas colaborativas podem gerar imagens, ambientes e redes entre humanos, tecnologias e ecossistemas, contribuindo para o entendimento, e na concepção de metassistemas em arte e tecnologia.
Deste modo, essa proposição de um olhar metaecossistêmico, quer potencializar interações, acoplamentos e imediações ecológicas, que se dão em processos comunicacionais. Fluentes neste ecossistema composto pelos sistemas latentes dos campos do conhecimento da Arte, da Tecnologia e da Arquitetura.
Percebidos num arranjo metaestavel em constante atualização, pelas trocas energéticas e informacionais, em diversas técnicas e multiplas linguagens. As mediações poéticas de um metaecossistema se dão na participação, organização e gestão de redes colaborativas de Arte-Tecnologia, seja atuando em expografias, curadorias ou como artista.
Cultivando processos poéticos e propostas práticas com imagens emergentes em metaambientes e redes generativas, através de ações comunicativas computacionais, entre múltiplos sistemas e organismos, motivando acenção de ecologias híbridas e trasmutáveis, e metaecosistemas transorgânicos e simpoiéticos.
Como exibido nas obras audiovisuais: ReMixError, AtópicHabitat, ExceCíbridBeat, FracTree, TransOrganicSinapsys, AtopicTime_FractalLine, e A.MalWave.
Ao intermediar a elaboração digital de obras audiovisuais colaborativas e territórios em realidade virtual com acesso online, cria-se os metaambientes imersivos e interativos: Cosmografias, MonumentosVirtuais, ContraMonumentos, [di]fractus, GeneraçõesTranOrgânicas e MultMorphos!s.
Como em : UVM – Understanding Visual Music, Immersphere, DIGIFEST – DUT, EFEMERA Imagem Fulldome, Campus Open Mapping, Análogos+Digitais, e AIR – Arte e Ambientes Imersivos Interativos e Inteligentes em Rede.
Como nas experimentações apresentadas nas séries de imagens MetaFlorEscencIA e MetAtopCit, desenvolvidas com uso de redes neurais artificiais. Indicando a conexão de seres e meios, a atualização de espacialidades e temporalidades, a proposição de ambientes futuros de cooperação entre múltiplos organismos e ecossistemas, voltados a novas possibilidades de convivência e co-existencia.
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Projeto de qualificação de Tese de Matheus Moreno dos Santos Camargo, sob orientação de Andréia Machado Oliveira,
apresentada ao curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, Área de concentração Arte Contemporânea, Linha de Pesquisa Arte e Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Artes Visuais.
Apresentado em 30 de janeiro de 2023, a banca formada pelos professores(as):
Andréia Machado Oliveira, Profa. Dra. (UFSM)
Presidente/Orientador
Ricardo Dal Farra, Prof. Dr. (Concordia University, Canadá)
Massimo Di Felice, Prof. Dr. (USP)
Fernando Franco Codevilla, Prof. Dr. (UFSM)
Reinilda de Fátima Berguenmayer Minuzzi, Profa. Dra. (UFSM)
Santa Maria, RS
2023