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AtopicTime_FractalLine (2020)

Autoria: Matheus Moreno.

Percebemos que nas sociedades emergentes os objetos técnicos e imagens não tem agregado pessoas ao seu redor, e sim dispersam a socialização, afastando e isolando os indivíduos.

AtopicTime_FractalLine é efeito poético de um processo criativo desenvolvido no contexto deste “novo normal”, imposto pela pandemia de Covid19 que afetou o mundo a partir do início de 2020.  Neste contexto de surpresa pela rápida disseminação deste novo Corona vírus que não contava com vacina, o distanciamento e o isolamento social se tornaram as únicas medidas tidas como eficazes para conter a contaminação.

 

Com isso, passamos todos a conviver com a limitação do deslocamento geográfico, para evitar a constante ameaça do contato físico entre pessoas. Situação esta, que nos impõe à repensarmos nossos hábitos individuais e de convivência social, nossas inter-relações fundamentais com os objetos, lugares do cotidiano e as pessoas.

Neste cenário, as mídias de comunicação social de massa (televisão e redes sociais, como o Facebook) proliferam incalculáveis publicações online a todo instante. A pandemia escancara nosso desatino para tentar manter o ritmo frenético das trocas informacionais deste sistema global estabelecido, que tem agora uma fratura exposta em sua estrutura espaço temporal.

 

Nisso, vemos agora infecções virais que atingem as dimensões reais (físicas) e virtuais (digitais), onde, o termo vírus é usado para designar malwares que infectam o espaço da Web, com a proposta de destruir ou se apropriar das informações da nuvem ou de nossos dispositivos.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=63rePkmj7G0 

 

Com esta circunstância, as experiências virtuais ainda são pervertidas pela acelerada disseminação de informações imprecisas, fakenews, ideologias extremistas ou preconceituosas e teorias conspiratórias, com grande contaminação política e/ou econômica, que como pragas, se propagam, adaptando-se constantemente a seus hospedeiros, evidenciando uma desarmonia entre sistemas humanos e não humanos. Afetando-nos também em níveis psicológicos e afetivos, impactando de modo tão agressivo quanto o próprio vírus, podendo desencadear paranóias apocalípticas ou outros surtos de pânico.

A poética surge com a captura da tela do celular, ao deslizar os dedos vagando pela linha do tempo, ou TimeLine de meu perfil no Facebook (Msc Matheus Moreno). Vivenciando uma deriva de perda de tempo no fluxo das regras do zapear em transe, que suscita uma narrativa não linear. Clicando em hiperlinks de notícias, apresentações ao vivo de lives, vídeo conferências, publicidades, textos e informações reais ou fakes, de influenciadores digitais, políticos, comediantes, repórteres, perfis anônimos e contatos diversos, que disputam likes e compartilhamentos neste ambiente imaterial.

Logo, o registro audiovisual é invadido pela edição e aplicação de efeitos, que deformam as imagens, quebrando a lógica ortoganal, criando outras novas janelas para este território, que agora se quebra, espelha, rebate e se desdobra, compondo um caleidoscópio fractal, desordenado e distorcido. Evidenciando no video AtopicTime_FractalLine o contágio entre os indivíduos e a composição desta rede social, que se hibridizam numa conjunção que emana uma linha temporal fractal atópica.

AtopicTime_FractalLine, evoca a construção de novas narrativas sobre as memórias compartilhas na rede social FaceBook, problematizando a decomposição dos territórios físicos do mundo “real”, expondo a degradação das fronteiras físicas e simbólicas, visa emergir novas representações e re_territorializações.

AtopicTime_FractalLine aponta para a transfiguração destes territórios, que emergem de interações espaciais dinâmicas, entre informações e sistemas reorganizáveis. Nesta teia de camadas eventuais, a composição original que representava um território ordenado e centralizador de informações e de memórias, passa a multifacetar sua própria imagem.

Para Paul Virilo (1995), no ciberespaço, o ‘tempo real’ prevalece, com pontos de vista móveis e mutantes, permitindo uma nova percepção, traz à tona processos autopoéticos. Deste modo, o espaço cíbrido propicia um maior acesso à informação, que passa a estar cada vez mais disponível nos locais.

Portanto, estas imagens atópicas, são registros do trânsito entre as diversas plataformas online, suas variações ao se adaptar a outros formatos, testando os limites, ou margens destes territórios. Pois, logo deixam de existir, se desdobrando em outros perfis e publicações. Seria então, esta perda do sensível controle, movimento de atravessar diversas camadas de ordem espaço temporais, um modo atópico de habitar, atravessado por imagens de múltiplos eventos distintos e sobrepostos.

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